Em maio de 1981 o Grêmio chegava a maior glória nacional de um clube de futebol do Brasil, a conquista do Campeonato Brasileiro de Futebol era uma das mais difíceis disputas do clube de Porto Alegre, não tão somente pelo fato de possuir rivais qualificados, mais ricos e profissionais, mas, principalmente, pelo favorecimento a equipes do eixo Rio-São Paulo, que detinham diversas regalias extra campo.
Mesmo com todas as dificuldades da disputa, o Imortal jogava a final no estado paulista, contra a forte equipe do São Paulo. O jogo no estádio do Morumbi era um divisor de águas entre o Tricolor Gaúcho regional e o mundialmente conhecido Grêmio de Porto Alegre.
Mesmo com todas as dificuldades da disputa, o Imortal jogava a final no estado paulista, contra a forte equipe do São Paulo. O jogo no estádio do Morumbi era um divisor de águas entre o Tricolor Gaúcho regional e o mundialmente conhecido Grêmio de Porto Alegre.
A competição
Criado em 1971, o Campeonato Brasileiro de Futebol tinha estranhos e tendenciosos regulamentos pró cariocas e paulistas, a dificuldade imposta a clubes de estados igualmente tradicionais como Rio Grande do Sul e Minas Gerais era nítida. No ano de 2010 foi reconhecido a Taça Brasil e o Torneio Roberto Gomes Pedrosa como Campeonato Brasileiro, os referidos, em comparação com o campeonato iniciado em 71, eram mais tendenciosos ainda.
Grêmio na Taça Brasil de 1963 |
Considera-se como ponto de partida o fato de a entidade do futebol, Confederação Brasileira de Sports (futura Confederação Brasileira de Futebol), organizadora das competições nacionais, ter sido fundada pelos cartolas dos combinados (equipes que reuniam vários profissionais diversos, de clubes ou não, para disputas de futebol) paulista e carioca em 1914. Não por menos a influência do futebol mineiro e gaúcho tenha sido mínima, para não dizer inexistente.
Depois de anos e anos com o controle total da confederação, paulistas e cariocas resolveram criar a Taça Brasil, no regulamento um favorecimento descarado aos times do Rio e São Paulo. Criada em 1959 a competição daria direito a disputa da primeira Copa Libertadores da América na temporada seguinte, vencida pelo Peñarol de Montevideo.
Conforme retirado do site Wikipédia, segue o regulamento da competição, resumidamente:
"A Taça Brasil de 1959 foi dividida em três fases, todas em sistema eliminatório ("mata-mata"). Na primeira fase, os clubes foram divididos em quatro grupos, Grupo Nordeste, Grupo Norte, Grupo Leste e Grupo Sul. Na segunda fase, os vencedores dos grupos Nordeste e Norte disputaram o título de campeão da Zona Norte e os dos grupos Leste e Sul o da Zona Sul. A fase final foi disputada entre os campeões das Zonas Sul e Norte e os representantes do Estado de São Paulo e Distrito Federal, inscritos diretamente nesta fase."
OBS.: No que se refere ao Distrito Federal, leia-se Rio de Janeiro, já que Brasília (e região) foi contruida e passou a ser considerada Distrito da Federação anos depois.
Como se pode observar, o regulamento da Taça Brasil era grosseiramente desvantajoso para os "não-paulistas/cariocas". Para chegar a uma Fase Final (em que os rivais do "eixo" estavam classificados automaticamente), um clube gaúcho precisava passar pela Primeira Fase (Grupo Sul), Segunda Fase (Zona Sul) e então, se conseguisse chegar, jogar a semifinal contra uma equipe de São Paulo, já que a do Rio de Janeiro ficava com o vencedor da Zona Norte.
Em todo esse trajeto contamos o desgaste de viagens, de Porto Alegre para o Paraná, Santa Catarina, Minas Gerais entre outros estados, além dos custos de viagem, que até hoje, com o futebol profissionalizado, é um grande problema para os mais diversos clubes do país. Enquanto nós nos "quebrávamos" para chegar a uma semifinal, o clube do "eixo" lá estava esperando para sagrar-se campeão efetuando apenas duas viagens em toda uma competição, repito, apenas DOIS JOGOS FORA DE CASA.
Grêmio na Taça Brasil de 1963 |
Não obstante dos 10 títulos da Taça Brasil disputados, as equipes de São Paulo e Rio de Janeiro tenham vencido 8, de 100% de uma competição, venceram 80%. É pouco ou querem mais? Se sim, falaremos da outra competição definida como "Campeonato Brasileiro".
Organizado pela Federação Paulista e Carioca, o Torneio Roberto Gomes Pedrosa, criado em 1968, conseguia ser mais cruel que a Taça Brasil. Eram cinco os clubes cariocas e em igual número os paulistas, além de dois gaúchos, dois mineiros e um paranaense. A formula de disputa era a seguinte:
Seguindo o critério macabro dos torneios anteriores, o então Campeonato Brasileiro de 1971 reunia 5 paulistas, 5 cariocas, 2 gaúchos, 2 mineiros, e o restante das vagas divididas entre as demais federações. Os velhos problemas existentes desde 1959 perdurariam por mais tempo. Segue o regulamento:
Em 1981 ainda não havia acabado o favorecimento a equipes do "eixo", pelo contrário, havia aumentado. Participaram do Campeonato Brasileiro de 1981 os 6 primeiros colocados do campeonato paulista; os 5 primeiros do carioca; o campeão e o vice de RS, MG, PR, BA, PE, CE e GO; apenas os campeões dos outros 13 estados; mais o campeão e o vice da Taça de Prata do ano anterior. Era uma Copa Rio-São Paulo com convidados especiais, o Grêmio precisaria, mais uma vez, demonstrar sua IMORTALIDADE.
A conquista
No dia 18 de janeiro o Imortal iniciou sua campanha em busca do título nacional, o empate sem gols no estádio Serra Dourada em Goiânia contra o Goiás seria o primeiro confronto da equipe de Ênio Andrade, técnico da época, até a final contra o São Paulo.
O time gremista era forte, contávamos o grande Émerson Leão no gol, além de Paulo Roberto, De León, Casemiro, China, Paulo Isidoro, Tarciso e Baltazar, entre outros, que faziam do Grêmio um time temível por sua consistência na defesa e perigo no ataque.
Começamos a competição no Grupo B, com Portuguesa, Corinthians, Botafogo e Goiás, além de outros clubes menores. Nossa colocação não foi muito proveitosa, terminamos em 4º colocado com 10 pontos (9 jogos, 4 vitórias, 2 empates e 3 derrotas), a Portuguesa Santista foi a líder, com 14 pontos ganhos.
Nos classificamos para a semifinal no Grupo I, já nessa fase alguns grandes foram desclassificados, como foi o caso de Corinthians, Cruzeiro, Palmeiras, e, inclusive, o líder da nossa chave anterior, a Portuguesa. Disputamos a classificação para a fase decisiva com Fortaleza, São Paulo e Internacional-SP, o Grêmio ficou em 2º e o São Paulo liderou a chave.
Na terceira fase enfrentamos um adversário relativamente fácil, a equipe do Vitória da Bahia. Mesmo não sendo um adversário grande, os baianos nos importam certa dificuldade, vencendo o primeiro jogo por 2x1. No jogo de volta no estádio Olímpico, conquistamos a vaga na próxima fase com um 2x0. Já nesta fase, grandes equipes começavam a se enfrentar, com destaque as partidas entre São Paulo e Santos, vencida pelo Tricolor Paulista; Vasco e Fluminense, vencido pelo Crusmaltino; e Internacional e Atlético Mineiro, vencido pelo Colorado.
Nas quartas-de-final o Imortal teve muita sorte, enfrentou o time mais limitado, Operário do Mato Grosso do Sul. Talvez a grande diferença entre os clubes ficasse somente no que se relaciona a importância das instituições, isso porque a equipe sul-mato-grossense havia chegado as quartas superando equipes como Corinthians, Botafogo e até o próprio Grêmio na primeira fase; eliminado o Cruzeiro na fase seguinte; e derrotando o Sport na terceira fase. Mesmo com a qualidade e superação demonstrada, o time do Operário não conseguiu suportar o Imortal, perdendo os dois jogos pelo placar agregado de 3x0.
O Grêmio seguiu para as semifinais onde enfrentou a Ponte Preta (time que havia eliminado o Vasco da Gama na fase anterior), no primeiro jogo em Campinas-SP vencemos por 3x2, tínhamos a vantagem para o jogo de volta no estádio Olímpico no dia 24 de abril. Na segunda partida, com o recorde de 98.471 torcedores no estádio, perdemos por 1x0 para os paulistas, mas seguimos na competição pelo score do primeiro enfrentamento.
A grande final era contra a forte equipe do São Paulo, o time do técnico Carlos Alberto Silva tinha feito uma campanha muito mais convincente que a nossa, deixando para trás Santos, Internacional e Botafogo, mas já estava escrito, esse título era nosso. Na primeira partida dia 30 de abril, vencemos no Olímpico por 2x1, gols de Paulo Isidoro para o Imortal e Serginho Chulapa para os rivais. A grande final era fora de casa, no estádio Morumbi, depois de um jogo memorável, o Grêmio sagrou-se campeão vencendo por 1x0, gol de Baltazar, calando a imprensa que dava o favoritismo aos rivais de São Paulo. Era a superação do futebol gaúcho pela quarta vez, os roubados e injustiçados venciam as adversidades impostas por rivais desonestos e davam mais uma demonstração de raça e amor, para o Grêmio em especial era a sua marca deixada na história do futebol brasileiro, desde então, o clube de Porto Alegre deixava de ser regional para ser mundialmente reconhecido.
"Primeira fase: os 15 participantes jogam todos contra todos, em turno único, mas divididos em 2 grupos (um de 7 e outro de 8) para efeito de classificação. Classificam-se os 2 primeiros de cada grupo para a fase final.Sofriam os gaúchos do mesmo problema da Taça Brasil, muitos jogos LONGE DE CASA. Em 1968 o Tricolor Gaúcho jogou 14 jogos, sendo 7 fora do RS e o mais próximo no Paraná, enquanto isso os paulistas jogaram 14 jogos, sendo 4 fora de São Paulo, ou seja, tínhamos muito mais para sofrer. Não obstante, somente equipes do eixo venceram a competição.
Fase final: os 4 clubes classificados jogam todos contra todos, em dois turnos, com inversão de mando de campo. O clube com maior número de pontos nesta fase é o campeão.
Critérios de desempate: saldo de gols, "goal-average" e sorteio."
Seguindo o critério macabro dos torneios anteriores, o então Campeonato Brasileiro de 1971 reunia 5 paulistas, 5 cariocas, 2 gaúchos, 2 mineiros, e o restante das vagas divididas entre as demais federações. Os velhos problemas existentes desde 1959 perdurariam por mais tempo. Segue o regulamento:
"Primeira Fase: Os 20 participantes foram divididos em duas chaves de 10 clubes cada, mas jogaram todos contra todos em turno único, primeiro contra os times da sua chave e depois contra os da outra chave. Os seis primeiros colocados de cada chave se classificavam para a segunda fase.
Segunda fase: Os 12 clubes classificados foram divididos em três grupos com quatro clubes cada, jogando em dois turnos, classificando-se o primeiro lugar de cada grupo.
Fase final: Triangular decisivo, um turno apenas."
Em 1981 ainda não havia acabado o favorecimento a equipes do "eixo", pelo contrário, havia aumentado. Participaram do Campeonato Brasileiro de 1981 os 6 primeiros colocados do campeonato paulista; os 5 primeiros do carioca; o campeão e o vice de RS, MG, PR, BA, PE, CE e GO; apenas os campeões dos outros 13 estados; mais o campeão e o vice da Taça de Prata do ano anterior. Era uma Copa Rio-São Paulo com convidados especiais, o Grêmio precisaria, mais uma vez, demonstrar sua IMORTALIDADE.
A conquista
No dia 18 de janeiro o Imortal iniciou sua campanha em busca do título nacional, o empate sem gols no estádio Serra Dourada em Goiânia contra o Goiás seria o primeiro confronto da equipe de Ênio Andrade, técnico da época, até a final contra o São Paulo.
O time gremista era forte, contávamos o grande Émerson Leão no gol, além de Paulo Roberto, De León, Casemiro, China, Paulo Isidoro, Tarciso e Baltazar, entre outros, que faziam do Grêmio um time temível por sua consistência na defesa e perigo no ataque.
Começamos a competição no Grupo B, com Portuguesa, Corinthians, Botafogo e Goiás, além de outros clubes menores. Nossa colocação não foi muito proveitosa, terminamos em 4º colocado com 10 pontos (9 jogos, 4 vitórias, 2 empates e 3 derrotas), a Portuguesa Santista foi a líder, com 14 pontos ganhos.
Nos classificamos para a semifinal no Grupo I, já nessa fase alguns grandes foram desclassificados, como foi o caso de Corinthians, Cruzeiro, Palmeiras, e, inclusive, o líder da nossa chave anterior, a Portuguesa. Disputamos a classificação para a fase decisiva com Fortaleza, São Paulo e Internacional-SP, o Grêmio ficou em 2º e o São Paulo liderou a chave.
Na terceira fase enfrentamos um adversário relativamente fácil, a equipe do Vitória da Bahia. Mesmo não sendo um adversário grande, os baianos nos importam certa dificuldade, vencendo o primeiro jogo por 2x1. No jogo de volta no estádio Olímpico, conquistamos a vaga na próxima fase com um 2x0. Já nesta fase, grandes equipes começavam a se enfrentar, com destaque as partidas entre São Paulo e Santos, vencida pelo Tricolor Paulista; Vasco e Fluminense, vencido pelo Crusmaltino; e Internacional e Atlético Mineiro, vencido pelo Colorado.
Nas quartas-de-final o Imortal teve muita sorte, enfrentou o time mais limitado, Operário do Mato Grosso do Sul. Talvez a grande diferença entre os clubes ficasse somente no que se relaciona a importância das instituições, isso porque a equipe sul-mato-grossense havia chegado as quartas superando equipes como Corinthians, Botafogo e até o próprio Grêmio na primeira fase; eliminado o Cruzeiro na fase seguinte; e derrotando o Sport na terceira fase. Mesmo com a qualidade e superação demonstrada, o time do Operário não conseguiu suportar o Imortal, perdendo os dois jogos pelo placar agregado de 3x0.
O Grêmio seguiu para as semifinais onde enfrentou a Ponte Preta (time que havia eliminado o Vasco da Gama na fase anterior), no primeiro jogo em Campinas-SP vencemos por 3x2, tínhamos a vantagem para o jogo de volta no estádio Olímpico no dia 24 de abril. Na segunda partida, com o recorde de 98.471 torcedores no estádio, perdemos por 1x0 para os paulistas, mas seguimos na competição pelo score do primeiro enfrentamento.
A grande final era contra a forte equipe do São Paulo, o time do técnico Carlos Alberto Silva tinha feito uma campanha muito mais convincente que a nossa, deixando para trás Santos, Internacional e Botafogo, mas já estava escrito, esse título era nosso. Na primeira partida dia 30 de abril, vencemos no Olímpico por 2x1, gols de Paulo Isidoro para o Imortal e Serginho Chulapa para os rivais. A grande final era fora de casa, no estádio Morumbi, depois de um jogo memorável, o Grêmio sagrou-se campeão vencendo por 1x0, gol de Baltazar, calando a imprensa que dava o favoritismo aos rivais de São Paulo. Era a superação do futebol gaúcho pela quarta vez, os roubados e injustiçados venciam as adversidades impostas por rivais desonestos e davam mais uma demonstração de raça e amor, para o Grêmio em especial era a sua marca deixada na história do futebol brasileiro, desde então, o clube de Porto Alegre deixava de ser regional para ser mundialmente reconhecido.
1ª Fase - Grupo B | |||||
Goiás | 0 | X | 0 | Grêmio | 18/01 |
Grêmio | 2 | X | 1 | Galícia | 21/01 |
Grêmio | 2 | X | 0 | Desportiva | 25/01 |
Pinheiros | 0 | X | 2 | Grêmio | 28/01 |
Grêmio | 1 | X | 0 | Corinthians | 31/01 |
Portuguesa | 1 | X | 0 | Grêmio | 04/02 |
Botafogo | 2 | X | 3 | Grêmio | 07/02 |
Grêmio | 1 | X | 2 | Brasilia | 14/02 |
Operário | 2 | X | 1 | Grêmio | 21/02 |
2ª Fase - Grupo I | |||||
São Paulo | 3 | X | 0 | Grêmio | 07/03 |
Grêmio | 2 | X | 0 | Fortaleza | 12/03 |
Internacional/SP | 3 | X | 1 | Grêmio | 15/03 |
Grêmio | 1 | X | 0 | São Paulo | 21/03 |
Fortaleza | 0 | X | 4 | Grêmio | 28/03 |
Grêmio | 1 | X | 0 | Internacional/SP | 04/04 |
Oitavas-de-Final | |||||
Vitória | 2 | X | 1 | Grêmio | 09/04 |
Grêmio | 2 | X | 0 | Vitória | 12/04 |
Quartas-de-Final | |||||
Operário | 0 | X | 2 | Grêmio | 15/04 |
Grêmio | 1 | X | 0 | Operário | 19/04 |
Semi-Final | |||||
Ponte_Preta | 2 | X | 3 | Grêmio | 23/04 |
Grêmio | 0 | X | 1 | Ponte_Preta | 26/04 |
Final | |||||
Grêmio | 2 | X | 1 | São_Paulo | 30/04 |
São_Paulo | 0 | X | 1 | Grêmio | 03/05 |
DADOS DA FINAL | |
Local: | São Paulo/Brasil |
Estádio: | Morumbi |
Data: | 3 de maio de 1981 |
Hora: | |
Árbitro: | José Roberto Wright (RJ) |
Assistentes: | |
Gol Grêmio: | Baltazar aos 20 minutos do 2º tempo |
GRÊMIO | SÃO PAULO |
LEÃO | VALDIR_PERES |
PAULO_ROBERTO | GETÚLIO |
NEWMAR | OSCAR |
DE_LEÓN | DÁRIO_PEREYRA |
CASEMIRO | MARINHO |
CHINA | ÉLVIO |
VILSON | RENATO |
PAULO_ISIDORO | EVERTON |
TARCISO | PAULO CÉSAR |
BALTAZAR | SÉRGINHO_CHULAPA |
ODAIR | ZÉ SÉRGIO |
TÉCNICO: ÊNIO ANDRADE | TÉCNICO: CARLOS ALBERTO SILVA |
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